Elas: Naveli Choyal

Naveli é a fotógrafa por trás das lentes da nossa última campanha. Baseada em Nova Délhi, ela nos encanta por sua habilidade inata de revelar ternura e beleza nos detalhes do cotidiano. Ao emprestar seu olhar a algumas das indústrias mais contemporâneas do mundo, suas imagens carregam uma energia ancestral e profunda.

Seu trabalho habita a fronteira entre o documental e o sensível, captando não apenas o que se vê, mas o que se sente. Através da luz natural, da composição cuidadosa e de uma atenção quase meditativa ao tempo, Naveli transforma cenas comuns em imagens que permanecem. 

Em uma conversa atravessada por oceanos, ela compartilha seu processo criativo intuitivo e os rituais que sustentam sua conexão com o que é mais íntimo.

1. Como começou sua relação com a fotografia?

Minha primeira exploração com a fotografia foi na adolescência, apenas por curiosidade, sem nenhuma intenção de transformar isso em carreira. Só muito tempo depois percebi que me sentia atraída por criar imagens como um meio de me expressar e contar histórias. A fotografia se tornou um instrumento para mostrar às pessoas minha cultura e o que me cerca. Tudo começou com a necessidade de documentar as histórias da minha família que, na minha opinião, estavam sendo esquecidas. Eu tinha um forte desejo de encontrar uma forma de lembrar dessas memórias e levá-las comigo, e também para as gerações futuras.

2. O que te atrai nas imagens - a composição, a luz, o ato de observar?

Acredito que é o equilíbrio entre os três, mas a luz em especial tem um papel fundamental na definição de uma imagem. Ela determina o clima, o caráter, a sensação, tudo. A luz funciona como tinta para o espaço em uma tela em branco. Isso me fascina profundamente.

3. Como você descreveria um dia perfeito?


Uma manhã lenta com meus lindos cachorros ao meu lado, seguida por encontrar a trilha sonora perfeita para o dia e então espalhar flores frescas por toda a casa.

4. Quais histórias você sente que precisa contar ou preservar através do seu trabalho?

Acho que existem muitas histórias ao nosso redor que passam despercebidas e são subvalorizadas. Gosto de contar histórias culturais sobre artesanato, festivais, comida, roupas, danças etc., e também sobre as mudanças em torno disso; sua relevância ou irrelevância, seus significados. Tento transmitir isso no meu trabalho, começando pelas pessoas da minha própria família que escolheram ser artistas e artesãos, ou pelas mulheres, sejam elas da minha família ou do meu entorno.

Sinto que precisamos falar mais sobre as mulheres e sobre sua contribuição para a manutenção, a convivência e a construção da sociedade.

5. Existem rituais ou hábitos que fazem parte do seu processo criativo?

Não exatamente. Eu apenas tento ser honesta com tudo o que faço. Tento questionar minha intenção em cada trabalho e refletir sobre qual contribuição estou oferecendo, e qual transformação social estou promovendo em relação ao que se espera da moda. Não quero reduzi-la apenas à definição comum de glamour e beleza.

6. A Índia é um país cheio de riqueza visual, espiritual e simbólica. Como essa atmosfera molda seu olhar fotográfico?

Ela contribui imensamente. Sou profundamente inspirada pelas cores, pelas pessoas, pelas roupas, pela comida, pelos rituais, pelas tradições - por tudo aqui. Nas minhas experiências de viagens fora da Índia, percebo ainda mais como tudo isso que me cerca é único e não se encontra em nenhum outro lugar.


7. O que você gostaria de dizer para as mulheres que lerão sua história?


Diria simplesmente para ouvirem e seguirem seus instintos, porque eles vão levá-las exatamente para onde devem estar - onde o coração deseja estar. Toda jornada é válida e nenhum sonho é grande demais.

Por trás das lentes do nosso Inverno 25, fotografado em Nova Delhi

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